Natalia Cerri, do Instituto Itaúsa, aborda o papel da inclusão produtiva na transição econômica justa e sustentável

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O Brasil e o mundo enfrentam desafios para conciliar desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e a justiça social. Nesta entrevista, conversamos com Natalia Cerri, gerente de projetos do Instituto Itaúsa, sobre como a organização tem se posicionado nas discussões sobre sustentabilidade e transição econômica, considerando a inclusão produtiva rural como uma peça central para uma economia mais justa e regenerativa.

Cerri compartilha a visão do instituto sobre a importância de uma abordagem integrada entre clima, natureza e inclusão social, explicando como iniciativas focadas em sociobiodiversidade e restauração florestal podem impactar positivamente tanto o meio ambiente quanto a geração de emprego e renda.

CIRP – Como o Instituto Itaúsa tem se posicionado nas discussões sobre sustentabilidade e transição para uma nova economia, considerando o bem-estar e a preservação da biodiversidade? Em sua visão, qual é o papel da Inclusão Produtiva Rural nesse processo de transição?

NC – O propósito do Instituto Itaúsa é acelerar a transição da economia brasileira para um modelo mais produtivo e positivo para o clima, a natureza e as pessoas. Para nós, essas três dimensões são indissociáveis e precisam ser abordadas de forma integrada, especialmente considerando o perfil de emissões de gases de efeito estufa do Brasil, nossos desafios sociais e nossa riqueza em florestas e biodiversidade.

Acreditamos que uma parte fundamental dessa transição reside no fortalecimento de atividades com potencial regenerativo, tanto para o solo quanto para o meio ambiente, e que, ao mesmo tempo, promovam a geração de emprego e renda. Iniciativas como o desenvolvimento de cadeias produtivas da sociobiodiversidade e da restauração florestal são exemplos que reúnem esses elementos, oferecendo impactos positivos para a natureza e oportunidades econômicas no meio rural.

CIRP – A partir da experiência do Instituto Itaúsa em fóruns e eventos nacionais e internacionais sobre sustentabilidade, como o tema da inclusão produtiva rural tem sido abordado nesses espaços? Quais são os principais desafios e oportunidades para a inclusão produtiva nas áreas rurais nesse contexto?

NC – Nos principais fóruns de sustentabilidade, uma questão que sempre aparece com grande relevância é o tema da transição justa, ou seja, como assegurar que as pessoas estejam no centro desse processo e que ninguém seja deixado para trás. Em essência, a transição justa busca assegurar que a transição para uma economia de baixo carbono e a proteção da biodiversidade também promovam justiça social e inclusão.

Nessas discussões, a conexão entre clima e natureza tem se tornado cada vez mais evidente, ampliando oportunidades significativas para o meio rural. A inclusão produtiva rural, portanto, pode ser um pilar estratégico para promover uma economia regenerativa e inclusiva, capaz de responder aos desafios ambientais e sociais de forma integrada. Nesse contexto, nossos principais desafios são fomentar e criar incentivos para cadeias efetivamente produtivas que não só contribuam para o crescimento econômico, mas que também sejam resilientes aos efeitos do aquecimento global, que devem se intensificar com o tempo.

CIRP – Como o Instituto Itaúsa vê o papel do setor privado na transição para a sustentabilidade? E, no contexto dessa transição, quais são os principais desafios para que o setor privado amplie seu foco na Inclusão Produtiva Rural?

NC – Entendemos o setor privado como um ator determinante na transição para uma nova economia. O setor será diretamente impactado pelas ameaças das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, mas, ao mesmo tempo, ocupa uma posição estratégica para impulsionar essa transformação.

Acredito que, à medida que aumentem os incentivos para trabalhar com valor sustentável, promovendo cadeias produtivas resilientes e alinhadas a uma economia regenerativa, o foco na Inclusão Produtiva Rural também se ampliará. Para acelerar esse processo, é fundamental que pensemos em novos incentivos e modelos de negócios que tornem as iniciativas sustentáveis no mundo rural financeiramente viáveis e escaláveis.

 

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