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Juventude Rural no Brasil: um panorama das últimas três décadas : Cátedra Itinerante de Inclusão Produtiva Rural

Juventude Rural no Brasil: um panorama das últimas três décadas

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Nos últimos 30 anos, o Brasil rural passou por profundas transformações, incidindo diretamente sobre as condições e perspectivas da juventude rural. É o que mostra o levantamento acadêmico realizado pela Cátedra IPR com o apoio de Ariane Favareto, doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e pesquisadora do Cebrap Sustentabilidade – Núcleo de Pesquisas e Análises sobre Meio Ambiente, Desenvolvimento e

Sustentabilidade. Um dos resultados do estudo foi o mapeamento das principais abordagens da pesquisa sobre juventude rural nas ciências sociais, identificando três fases distintas, mas complementares de análise: a sucessão familiar nas propriedades agrícolas, a decisão entre permanecer ou migrar para áreas urbanas e, mais recentemente, a heterogeneidade, transitoriedade e complexidade das juventudes rurais.

Década de 90: Sucessão familiar 

Na década de 1990, os estudos sobre juventude rural tinham como foco, principalmente, a questão da sucessão familiar. Inspirados pela literatura francesa, a grande preocupação era entender como as propriedades eram transmitidas entre gerações e os fatores que levavam os jovens a deixar o campo. Um aspecto central identificado nesses estudos foi a desigualdade de gênero no processo sucessório: as propriedades geralmente eram herdadas pelos filhos homens, enquanto as mulheres tinham maior tendência a migrar para áreas urbanas.

Um ponto importante a destacar dessa fase, como afirma Ariane, é que “as análises indicavam um processo de envelhecimento e uma masculinização do campo, que poderia ameaçar o desenvolvimento rural˜.

Década de 2000: Ficar ou Partir

Nos anos 2000, a narrativa do “fim do rural” começou a ser contestada. Ao contrário do que se debatia na década anterior, observou-se uma revalorização das áreas rurais, impulsionada especialmente pela entrada de novas atividades econômicas e pela valorização ambiental. O rural deixou de ser visto apenas como um espaço agrícola e passou a incorporar outras dinâmicas socioeconômicas.

O que passou a refletir diretamente nos estudos sobre a juventude rural, momento que são identificadas ênfases nos condicionantes que levavam os jovens a sair do campo ou a ficar. Entre as razões para deixar o campo estavam a falta de infraestrutura, a hierarquização das relações familiares – com maior peso para as mulheres -, a representação social negativa do rural, muitas vezes associada à pobreza e ao atraso, além da busca por melhores condições de trabalho e renda. 

˜Por outro lado, os estudos apontam que os jovens que optavam por permanecer no campo destacavam os fortes laços com a terra e com a comunidade como motivações importantes, além da possibilidade de explorar atividades econômicas não agrícolas, em contraposição ao trabalho pesado e difícil de ser desenvolvido na agricultura˜, informa Ariane.

Meados dos anos 2000

A partir da década de 2010, os estudos sobre juventude rural se diversificaram, refletindo a heterogeneidade do campo brasileiro. Essa mudança foi impulsionada pelo surgimento de políticas públicas voltadas para o meio rural e pelo fortalecimento da juventude como ator político, com maior participação nos movimentos sociais. Em 2005, a criação da Secretaria Nacional da Juventude representou um marco nesse processo.

Nesse período, os estudos destacam uma grande diversidade de estudos de casos, principalmente, centrados em identificar a heterogeneidade presente na categoria, tanto em termos regionais, como também de gênero e de identidade. ˜O modo de se referir à juventude rural tanto nos estudos, quanto do ponto de vista político, inclusive, passa para o plural, como juventudes rurais, buscando dar conta dessa heterogeneidade˜, completa Ariane.

Outro tema que emerge é a questão da transitoriedade. Muitos jovens adotam estratégias de mobilidade, saindo temporariamente para estudar ou trabalhar, mas retornando posteriormente ao campo. O rural continua em constante transformação que incidem, também, sobre a condição social das juventudes, representando um campo aberto para novas pesquisas que desejem explorar esse tema.

Comunicação Cátedra

Foto: Divulgação

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