Juventudes Rurais e Inclusão Produtiva: Cátedra IPR debate desafios e oportunidades de formação para jovens em seus territórios 

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O tema das juventudes rurais está cada vez mais no centro das discussões da Cátedra Inclusão Produtiva Rural. Nesta semana, a Cátedra IPR realizou o seminário Juventudes Rurais: caminhos e desafios da formação para a Inclusão Produtiva, que contou com transmissão ao vivo pelo Youtube do Cebrap Sustentabilidade, na segunda (25/11) e terça (26/11).

O evento foi dividido em dois momentos: o lançamento do Caderno Didático Agroecologia e a Sociobiodiversidade do Cerrado, produzido pela Associação Mineira de Escolas Família Agrícola (Amefa), organização-sede da Cátedra IPR em 2023; e a mesa temática para debater os desafios e oportunidades de formação para esses jovens constituírem novos quadros que favoreçam a inclusão produtiva rural sustentável, considerando os diferentes contextos regionais do país.

Para Júlia Mariano, que integra a coordenação da Cátedra IPR e mediou a mesa temática no segundo dia do encontro, “é essencial refletir sobre os diferentes caminhos de formação desses jovens, pois essa relação vai refletir a maneira como os jovens irão se estabelecer nos seus territórios e também nas possibilidades de atuação futura nas atividades produtivas”, disse.

Caderno didático

O Caderno Didático Agroecologia e a Sociobiodiversidade do Cerrado é o principal resultado do projeto da Amefa, em parceria com uma rede de centros educacionais e o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). 

O material foi construído de forma colaborativa e é destinado a educadores e estudantes do Ensino Médio Técnico que vivem no Cerrado e demandam publicações adequadas ao contexto da agricultura familiar e aos princípios da Pedagogia da Alternância. 

“Esse caderno traz um aspecto inovador: perguntamos aos estudantes o que eles gostariam que tivesse em seu material escolar. A juventude é coautora desse projeto e do esforço coletivo para conseguirmos manter o cerrado em pé e valorizando as pessoas”, afirma Marccella Lopes Berte, pesquisadora da Amefa e uma das coordenadoras do projeto.

Baseado no trabalho de Centros Educativos Familiares de Formação por Alternância (Ceffas), o caderno oferece um material inédito para o ensino profissional técnico, destacando um caráter dinâmico, interativo e em constante construção, ao passo que conecta os saberes dos estudantes às práticas sustentáveis do agroextrativismo.

“Esse material vai dialogar com uma ou mais temáticas de estudo e as aulas não encerram na sessão escolar. Elas têm uma dimensão maior, a de voltar para o momento com a família e a comunidade, onde vamos levar algumas práticas e intervenções a partir de todo o estudo feito”, afirma João Batista Begnami, coordenador pedagógico da Amefa. 

“É muito emocionante poder contribuir com a formação de jovens de tantos estados, dos interiores, dos rincões, do coração do cerrado, que é o coração das águas do Brasil. Contar com os jovens nessa jornada de preservação do Cerrado é essencial porque a gente considera que essa é a última geração que tem alguma chance de futuro no Cerrado”, avalia Isabel Figueiredo, coordenadora do Programa Cerrado e Caatinga do ISPN.

“Não tínhamos materiais didáticos voltados ao ensino médio técnico das áreas rurais do Cerrado que tratasse da relação entre inclusão produtiva e a valorização dos recursos naturais do bioma. Esse importante material traz um conteúdo que dialoga com a realidade dos estudantes sugerindo atividades dentro e fora do ambiente escolar”, completa César Favarão, pesquisador do Cebrap Sustentabilidade, que mediou a mesa.

Formação

Egresso de Escola Família Agrícola (EFA), Tiago Pereira da Costa, que atualmente coordena o Programa Bahia sem Fome, do Governo do Estado da Bahia, trouxe para o debate o papel das EFAs e da Educação Contextualizada no Campo na formação da juventude rural. 

A EFA é uma instituição de caráter comunitário gerido por uma associação de famílias e ex-estudantes, com a missão de promover a formação integral de agricultores familiares e trabalhadores rurais, visando o desenvolvimento sustentável local, via educação por alternância. 

“É importante a gente nunca perder de vista que o ser humano, em geral, não se forma na escola. O processo formativo acontece na família, na comunidade, no trabalho, nas vivências, nas relações, no meio, enfim, em múltiplos espaços. Os modos de vida projetam essa formação e todos somos produtos da nossa realidade”, afirma.

Suzana Coelho de Macedo, jovem rural e presidenta da Cooperativa dos Produtores e Produtoras Rurais da Chapada Vale do Rio Itaim (Coovita), relatou sua experiência pessoal onde destaca a importância dos processos de formação para estes jovens. 

“Eu faço parte de 10% da juventude que teve o privilégio de conhecer sobre o trabalho coletivo e da inclusão produtiva. Quando recebi a formação e informações certas, consegui me nortear e saber para onde eu realmente queria prosseguir. Isso fez com que eu permanecesse no meu território, desse continuidade ao trabalho dos meus pais e me tornasse uma liderança”, afirma.

“Ouvimos que para ter acesso a educação formal, seja de nível superior ou médio, você tinha que sair do campo, porque o campo não poderia te oferecer esse aprendizado, essa fonte de saber. O que é uma grande mentira que colocaram na cabeça da gente por um grande período”, completa Duda Vasconcelos, coordenadora geral de Juventude Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Comunicação Cátedra IPR com informações de ISPN

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