Estudo da Rete apresenta pontos fortes e desafios a serem enfrentados pelo Brasil, Chile, Colômbia e México para IPR

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A Rede Brasileira de Pesquisa e Gestão em Desenvolvimento Territorial (Rete) realizou, na quarta (19/07), o seminário para apresentação de resultados dos programas internacionais de produção rural inclusiva e sistemas alimentares desenvolvidos no Chile, Colômbia, México e Brasil.

O seminário integra o projeto “Produção Rural Inclusiva e Sistemas Alimentares: apontando caminhos para consolidação de nichos de inovação (Prisma)”, desenvolvido pela Rete e redes parceiras. O objetivo do programa é levantar evidências, nos quatro países, sobre políticas públicas de Inclusão Produtiva Rural (IPR) que permitam identificar quais são os principais desafios para a IPR e as estratégias para enfrentá-los.

O evento online contou com a participação de Mireya Valencia, professora da Universidade de Brasília (UNB) e pesquisadora da Rete, que apresentou o Projeto Prisma, e de Francisco Herrera Tapia, coordenador da Red para la Gestión Territorial de Desarrollo Rural Sustentable (Red GTD), que apresentou o resultado do estudo. O seminário foi moderado por Luciana Travassos, pesquisadora da Rete e professora da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Ao iniciar sua fala, Francisco Herrera trouxe o conceito de inclusão produtiva para cada um dos países, os atores envolvidos e os instrumentos e estratégias utilizadas para os quatro casos estudados: Território Polo Sindical da Borborema (Brasil), Programa de Desenvolvimento Local – Prodesal (Chile), programa Sociedad de Beneficio e Interés Colectivo – Sociedad BIC (Colômbia) e Nodos de Impulso a la Economía Social y Solidaria (México).

Herrera também fez uma apresentação do contexto social que caracteriza cada país. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, 30% da população brasileira vivia abaixo da linha de pobreza e 8,4% estava em situação de pobreza extrema. Em 2017, o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) no Chile alcançou 18,6%, sendo 31,2% em áreas rurais e 16,8% em áreas urbanas.

Em 2023, 89% da população colombiana está em situação de exclusão produtiva, sendo as mulheres as mais prejudicadas. No México, 9 em cada 10 pessoas do meio rural se encontram em pobreza e há uma importante migração do campo para a cidade e, principalmente, para os Estados Unidos.

“O contexto sociopolítico nacional e o modelo econômico atual e o que antecede a cada um dos países é determinante para o desenho de ações com perspectiva de inclusão produtiva rural. A transição dos sistemas alimentares deve ser fortalecida, para sistema sistemas mais saudáveis, justo, equitativos”, afirma Herrera.

 

Desafios

O estudo detectou diferentes desafios a serem enfrentados. No caso do Brasil, por exemplo, destaca-se a necessidade de evitar a dispersão das ações estatais e de fortalecer os esquemas de apoio, de acordo com as necessidades de cada território. A atualização da lista de beneficiários e o fortalecimento e divulgação da agroecologia, está entre os desafios no Chile.

Já para a Colômbia, está a construção de políticas específicas para maior fortalecimento da inclusão produtiva e incentivo ao setor privado, com modelos de negócios inclusivos. A falta de informação sobre a oferta institucional no campo e o fortalecimento da sistematização de experiências de economia solidária, está entre os desafios detectados no estudo para o México.

“O estudo também nos permite concluir que ainda não se alcançou o grupo da população que está em situação de maior vulnerabilidade, os “excluídos entre os excluídos” e essa é uma tarefa importante para se executar”, afirma Herrera.  

A pesquisa também identificou pontos fortes de cada um dos países, com destaque para as ações coletivas, articulações em rede e participação ativa das mulheres (Brasil), impacto em outros territórios (México), aporte significativo para o desenvolvimento rural (Chile) e oportunidade para o setor privado operar com uma visão social, incluindo as famílias camponesas em seus processos comerciais (Colômbia).

O seminário internacional contou com a participação dos convidados: Lilian Rahal, secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) no Brasil; Arilson Favareto, coordenador do Cebrap Sustentabilidade; Natália Venegas Peña, que integra o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário (Indap) do Chile; Laura Vásquez, diretora de extensão agrícola da Agência de Desenvolvimento Rural da Colômbia; Ricardo Castro Ruiz, representante do Instituto de Economia Social (Inaes) do México; Iván Tartaruga, pesquisador da Rete e Cátia Grisa, professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Prisma

O Projeto Prisma é composto por dois componentes. O nacional, cujo objetivo é compreender o que favorece o desenvolvimento das experiências bem-sucedidas caracterizadas pela TIPR identificadas como nichos de inovação, para a condução de uma transição para sistemas alimentares sustentáveis e inclusivos. E o componente internacional, citado acima, que é desenvolvido em parceria com a Rede Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural na América Latina e Caribe (Rede PP-AL). 

A equipe do Prisma é composta por: Carlos Mora (Chile), Juan Patricio Molina, Álvaro Parrado e Luis Felipe Urrego (Colômbia), Francisco Herrera, Karina Poot, Marta Garcia e Francisco Mendoza (México), Mireya Valencia, Paulo Diniz, Iván Tartaruga, Mario Ávila, Cidonea Deponti, Luciana Travassos e Maicon Vieira da Silva (Brasil).

 ASSISTA O SEMINÁRIO COMPLETO DO PROJETO PRISMA

Ascom Cátedra

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