O Cebrap Sustentabilidade, a Imoflora e a Cátedra Josué de Castro lançaram, nesta quinta (23/05), a ThinkFood&Climate. A iniciativa visa reunir atores-chave de organizações, governos e setor privado para acelerar a transformação e a transição justa do sistema agroalimentar, responder à urgência climática e atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável.
Entre os objetivos do grupo estão a produção de dados e conhecimento baseados pela ciência para informar a transição justa dos setores agropecuários, a construção de uma governança que leve, de fato, à implementação das soluções, e o fortalecimento de políticas públicas atuais, além da criação de novas, para acelerar essa transição.
“Precisamos sair da produção de alimentos que ainda está contaminada por impactos ambientais e sociais, como por exemplo o desmatamento. Em função da emergência climática, temos de reter carbono e não emitir. No Brasil e outros países já temos conhecimento técnico e científico para ter uma pecuária produtiva com pastagens bem manejadas e componentes que podem ajudar a conservar a biodiversidade, afirma Isabel Garcia-drigo, diretora do Programa de Ciência do Clima, Uso da Terra e Políticas Públicas do Imaflora.
“Há constatação de que esse sistema agroalimentar global responde por 1/3 das emissões dos gases de efeito estufa, é o principal vetor de erosão da biodiversidade, responde por algumas das mais graves fontes de poluição e está na origem da pandemia global de obesidade, que por sua vez está entre as principais causas das doenças que mais matam no mundo”, completa o professor titular da Cátedra Josué de Castro Ricardo Abramovay.
Insustentabilidade econômica
O coordenador do Cebrap Sustentabilidade, Arilson Favareto, destacou que, além da insustentabilidade ambiental, há uma insustentabilidade financeira no modelo convencional de organização dos sistemas agroalimentares. Um estudo da FAO publicado no ano passado aponta que há um percentual significativo da produção mundial de alimentos que já se perde por conta de desastres e da intensificação de eventos extremos. O mesmo ocorre com os gastos de seguros, que têm crescido significativamente pelos mesmos motivos.
“Se a gente for contabilizar todos os efeitos negativos que tem a ver com o padrão de produção e consumo dos sistemas agroalimentares a gente já tem hoje os custos excedendo o valor de tudo aquilo que vem sendo produzido. Então não é mais uma questão de racionalidade ambiental, mas econômica”, afirma Arilson.
O pesquisador destaca ainda a relevância dos próximos anos para se acelerar a transição em direção a sistemas agroalimentares justos e sustentáveis. “Estamos vivendo sob 1,5 graus a mais de aquecimento na prática, aquilo que se projetava para ao longo do século 21 já está batendo à nossa porta. Tudo isso acontece às vésperas de quando faremos um balanço de dez anos do Acordo de Paris, em 2025. O que não será positivo”, completa.
O ThinkFood&Climate também recebe o apoio da Avina, Now Partners e Future Economy Forum. O plano de trabalho está desenvolvido em três eixos: pesquisas, fóruns para discussões e soluções que acelerem a transição e produção de recomendações para melhorar as políticas públicas.
Assista a cerimônia de lançamento
Ascom Cátedra