Atuação
da Cátedra

Para pensar no futuro das áreas rurais no Brasil e como promover os processos de inclusão produtiva, é necessário dar atenção à juventude que vive nesses territórios. Ainda que seja um grupo heterogêneo, os jovens tipicamente apresentam maiores níveis de pobreza quando comparados aos adultos rurais, assim como na comparação com os jovens urbanos, situação que é mais grave se a jovem é mulher, negra e pertencente a povos e comunidades tradicionais. Na comparação com o contexto urbano, os jovens rurais também apresentam acesso mais limitado à educação e começam a trabalhar mais cedo, comumente em ocupações de baixa produtividade e sem proteção social.

Devido à falta de oportunidades, muitos jovens decidem sair das áreas rurais, colocando em questão a sucessão rural e o interesse em promover o desenvolvimento dessas regiões. No entanto, as transformações das últimas décadas nos mundos rurais sugerem que pode estar em curso um reposicionamento da condição juvenil. Para entender esse reposicionamento e conhecer as aspirações dessa população, é necessário realizar novos estudos para construir propostas de desenvolvimento que tornem a vida rural atrativa e com oportunidades para os jovens, sendo este o objetivo que norteia a atuação da Cátedra IPR neste eixo temático.

O avanço das mudanças climáticas não gera alterações apenas nas condições e meios de vida das populações que vivem nas áreas rurais. Mudanças nos índices de precipitação, ondas de calor, ventos e etc. trazem novas exigências para as infraestruturas, sistemas produtivos e tipos de culturas. Reconhecer as mudanças em curso e agir de maneira correspondente são necessidades crescentes.

Apesar do discurso proferido pelos atores no campo da inclusão produtiva incorporar cada vez mais a adaptação climática, ainda não está claro quais estratégias precisam ser mobilizadas em cada contexto e como essas podem favorecer a resiliência e a produtividade dos agricultores familiares. A Cátedra IPR busca investigar essas lacunas, explorando tanto evidências locais como internacionais.

É crescente a incorporação de tecnologias digitais em diferentes esferas da vida social e produtiva, mas a transição digital em curso pode ter resultados ambíguos nas áreas rurais do país: pode aprofundar desigualdades já existentes ou se transformar em um vetor de inclusão produtiva. O eixo de sobre digitalização parte deste dilema. Seu objetivo é compreender sob quais condições a digitalização pode contribuir para ampliar oportunidades e fortalecer a inclusão produtiva de agricultores familiares em situação de vulnerabilidade.

Para isso, o eixo se dedica a entender como as tecnologias digitais podem ser incorporadas em políticas públicas voltadas para a agricultura familiar a partir do mapeamento de experiências territoriais inovadoras, programas e iniciativas que utilizem tecnologias digitais como instrumentos de produção, geração de renda, acesso a mercados e serviços de assistência técnica. Com isso, a Cátedra IPR identifica aprendizados e bloqueios desses processos e propõe caminhos para que a digitalização favoreça a inclusão produtiva nas áreas rurais do país.

O desafio de criar sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis é particularmente relevante para as áreas rurais brasileiras e tem sido tema de debate por diversas organizações. Para que as diferentes propostas em pauta constituam caminhos promissores para as áreas rurais, é importante analisar em que medida elas contribuem para a inclusão produtiva ou criam novos entraves.

A Cátedra IPR busca levantar os aprendizados e discutir as inovações que podem ser introduzidas em instrumentos de política, como compras públicas, certificações e crédito, para que sejam catalisadores de mudanças duráveis para as áreas rurais.