Arranjos multiatores garantem produção sustentável e fortalecem economia local

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Análise consta em artigo vencedor do 1º Prêmio Ignacy Sachs, que é publicado na revista Cadernos Cebrap Sustentabilidade

Parcerias entre poder público, empresas, ONGs e comunidades tradicionais contribuem para preservação ambiental e autonomia dos produtores e são responsáveis por melhorias nas condições de vida das comunidades rurais. A análise consta no artigo coordenado pelos pesquisadores Zilma Borges e Caio Momesso, com colaboradores, publicado na revista Cadernos Cebrap Sustentabilidade, em abril. O trabalho também foi vencedor da primeira edição do Prêmio Ignacy Sachs de melhor artigo, organizado pela Cátedra Itinerante de Inclusão Produtiva Rural

O estudo aborda a inclusão produtiva rural com foco sobre os arranjos multiatores, organizações que atuam em rede e que envolvem a interação entre agentes públicos, entidades da sociedade civil e comunitárias. Para investigar a estrutura e o funcionamento dos arranjos, os pesquisadores analisaram dois casos: a Rede Origens Brasil, no Pará e o Grupo de Economia Solidária e Turismo Rural da Agricultura Familiar (Gestraf), no Ceará.

Criada em 2016, a Rede Origens Brasil, é formada por produtores agroextrativistas e organizações (empresas, instituições de apoio e organizações comunitárias) que atuam em colaboração para gerar negócios sustentáveis em áreas protegidas na Amazônia com garantia de origem, transparência e rastreabilidade.

O Gestraf é composto por 22 agricultores e feirantes e oito articuladores e se estrutura a partir de duas práticas de comercialização regulares: a realização de feiras itinerantes nas comunidades rurais e nas zonas urbanas do município de Barbalha (CE) e a realização de uma feira com periodicidade semanal em ponto fixo na região central desse mesmo município, na sede da Escola de Saberes de Barbalha (Esba). Eventualmente, o grupo participa de “feiras-evento”, sobretudo ligadas à economia solidária e à agroecologia.

Entre dezembro de 2020 e julho de 2021, os pesquisadores realizaram seis entrevistas com agentes envolvidos nos projetos, incluindo líderes do poder público, das comunidades tradicionais e de ONGs ligadas às redes.

A pesquisa indica três frentes de discussão que agregam e qualificam o campo temático:

  •         As categorias e os elementos comuns que compõem a dinâmica organizacional interna e externa de arranjos multiatores;
  •         As especificidades da construção de cada caso a partir de uma lógica relacional com seu território, cultura e história, os benefícios e resultados propiciados pela ação coletiva na forma de arranjos;
  •         As demandas trazidas de maneira comum aos arranjos estudados e o que os distinguem, bem como as estratégias criadas para sua superação ou contorno.

 Resultados

O artigo aponta que, apesar dos sucessos alcançados, os arranjos ainda enfrentam desafios. Para superá-los, são necessários investimentos em capacitação técnica dos produtores e fortalecimento da governança dos arranjos. Outras estratégias incluem o aprimoramento da infraestrutura de logística e transporte das redes e a criação de parcerias com o poder público, ampliando o acesso a políticas públicas. Além disso, a promoção de políticas de desenvolvimento territorial devem ser adaptadas às diferentes realidades locais, que possuem suas próprias especificidades.

Leia a pesquisa na íntegra

 Ascom Cátedra com informações da FGV
Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

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