Vivianne Naigeborin fala sobre integração de pessoas em situação de vulnerabilidade à cadeia de valor para uma inclusão em economia resiliente, verde, digital e justa

leia esta notícia

A inclusão produtiva desempenha um papel vital no Brasil, especialmente à medida que novas tecnologias impactam o mercado de trabalho. Nesta entrevista, Vivianne Naigeborin, Superintendente da Fundação Arymax, enfatiza que a inclusão em uma economia resiliente, verde, digital e justa passa pela integração de pessoas em situação de vulnerabilidade na cadeia de valor, ajudando-as a aumentar sua produtividade e renda. Ela compartilha ainda sua visão sobre os desafios e potencialidades dessa abordagem, além de destacar o papel fundamental da produção de evidências na construção de agendas inclusivas.

CIPR: Ao longo da sua trajetória, você tem se dedicado a apoiar e coordenar ações de impacto social no Brasil dando especial atenção à inclusão produtiva nos últimos anos. Na sua visão, qual é a relevância da inclusão produtiva para o Brasil? E que papel as áreas rurais e interioranas têm neste tema?

VN: As novas tecnologias surgiram para aumentar a produtividade, mas não necessariamente elas geram inclusão produtiva, seja porque não são acessíveis a todos ou porque eliminam postos de trabalho. Hoje fica claro que há uma profunda conexão e interdependência entre as agendas do clima,  da sustentabilidade e  da inclusão social e produtiva. 

A partir desse entendimento, um dos princípios para que possamos ter uma economia resiliente, verde, digital e justa é assegurar a integração de pessoas em vulnerabilidade econômica à cadeia de valor nas cidades e no campo, oferecendo a elas condições para que possam aumentar sua produtividade e renda. É importante, nesse sentido, que as famílias possam se mover de um contexto de subsistência, para uma agricultura mais sustentável e de maior valor agregado, ou que possam se aproveitar  da prestação de serviços não agrícolas que estão em ascensão em um mundo em transformação.

CIPR: Por meio da Fundação Arymax e em consórcio com outras entidades, vocês têm buscado apoiar organizações que atuam no campo da inclusão produtiva rural. Você poderia falar um pouco do tipo de experiências que a Arymax apoia no campo da inclusão produtiva rural? O que você identifica como potencialidades e os principais desafios que essas organizações enfrentam?

VN: Em primeiro lugar, buscamos dar mais visibilidade e criar espaços de reflexão, estudos, debates e disseminação do conceito de inclusão produtiva, tentando identificar os diferentes campos de problemas e abordagens sobre este tema.., Temos uma preocupação também em produzir e disseminar evidências que possam informar os formuladores de programas e políticas públicas e atores privados, com o intuito deorientar o processo de tomada de decisões. A ausência de abordagens informadas por evidências dificulta o aprimoramento das intervenções e impede que a aprendizagem gerada seja sistematizada e compartilhada. E, hoje, são poucas as instituições que oferecem recursos para a produção de conhecimento.

Além disso, articulamos ações em colaboração, entendendo que as intervenções no país ainda sofrem com a fragmentação de esforços, e que sem coordenação, o resultado tem sido açõesisoladas e com menos potencial de impacto.

Por último, a partir das evidências já disponíveis, buscamos selecionar e visibilizar organizações que implementam as melhores e mais eficazes soluções para os desafios da inclusão produtiva, apoiando-as com recursos financeiros e não financeiros para que possam ganhar escala e servir de efeito demonstrativo no desenho de intervenções eficazes.

CIPR: Que tipo de apoio ou arranjo você acredita que poderia ajudar a impulsionar o trabalho dessas organizações?

VN: Apoios institucionais (e não a projetos) de médio e longo prazo, que combinam recursos financeiros e não financeiros (como acesso a visão estratégica, conhecimento e conexões) oferecidos por um consórcio de financiadores que atuem com uma visão compartilhada e em colaboração, em um esforço coordenado com políticas públicas, a serviço do desenvolvimento do país.

CIPR: Nessa discussão você também tem experiência na pesquisa e produção de conhecimentos. No seu entendimento, que papel a produção de evidências tem a desempenhar para impulsionar a inclusão produtiva nas áreas rurais e interioranas?

VN: Para sensibilizar atores para o tema, gerar incidência e construir uma visão compartilhada sobre os desafios e as melhores soluções para promover a inclusão produtiva rural no Brasil é imperativo produzir e disseminar evidências, sistematizar e avaliar aprendizados vindos da prática, viabilizar a produção de estudos, publicações, papers, policy briefs, notas técnicas, artigos, cartilhas;enfim, de diferentes produtos de conhecimento, que possam chegar a um público mais amplo nas diferentes regiões do país, ampliando o debate e orientando a construção de agendas que efetivamente possam superar o desafio da exclusão econômica no Brasil.

Assine nossa newsletter e receba novidades sobre a Cátedra em seu email.